sexta-feira, 29 de julho de 2011

webPOP



Me recordo da minha infância, quando tinha um Pentium 166, que funcionava com Windows 95 e era o que havia de melhor. A turma toda se juntava pra jogar Mario, Dave, Charlie the Duck, e como era divertido! Os populares se restringiam aos craques do futebol municipal; aqueles (poucos) que tinham computador faziam parte da turma dos nerds, estranhos, e antisociais (sim, ja fui dessa turma, rs). Hoje, o que se nota é uma grande inversão nos meios de popularização, é a 'ascensão dos nerds'.

Aquele conceito de que ser popular era diretamente ligado a habilidades sociais se antiquou. Hoje, popularidade está ligada as redes sociais. Por um lado, elas serviram para desinibir, um espaço onde não importa sua real aparência, habilidade, pois alí ele pode ser o que quiser. Vendo por outro prisma, essa situação ocasionou o afastamento da 'vida real', do pseudo-enfrentamento dos problemas, como não se relacionar com amigos presenciais mas ter mais de mil amigos em sua lista de contatos.

Cada tipo de rede social apresenta características diferentes, com usos e objtivos diferentes, e falar separadamente sobre as mais utilizadas é bom pra refletir sobre o assunto.

Começando pela primogênita: o Orkut, que com o passar dos anos se torna cada vez menos utilizado e mais obsoleto. Nele paira uma interface utopica, diria até infantil, com aqueles ideais do tipo Barney (amo vocês, vocês me amam...) e que não é, nem de longe, próxima de alguma realidade, se perdendo em aplicativos e jogos. Se mostra popularidade, aí, em quantos profiles lotados você tem.

O micro-blog twitter traz na sua idéia de 'O que você está fazendo', uma referência ao seu 'querido diário'. Não são raras as pessoas que divulgam nele as mais íntimas e grotescas coisas, não aproveitando bem  o potencial divulgativo que pode ser usado. Os pops se mostram, nessa rede, em quanto seguidores você tem, derivando num 'me segue que eu te sigo' sem fim.

O facebook, a coqueluche atual se difere do Orkut pela sua interface mais sóbrea e recursos realmente úteis. Essa rede é de uma capacidade de mobilização/divulgação tremenda. A grande pena é seu uso sem critério, em eventos inexistentes ou até grupos 'fóbicos'. Como pode ter mais de mil 'amigos', os pops disseminam seus conteúdos para seus milhares súditos virtuais.

Pensando na forma de como são tratadas as relações sociais inseridas nas redes sociais, foi feito esse vídeo mostrando na prática como seriam as situações. Você cutucaria, curtiria ou seguiria alguém, de verdade?


As redes sociais podem ser perfeitas ferramentas que somam para seus trabalhos, relacionamentos e amigos. O seus problemas estão relacionados ao uso errôneo  onde se expõe indiscriminadamente sua vida particular, o que não é nada saudável. Utilizar as mesmas de forma inteligente e não deixar que se torne 'a grande exposição da vida privada' é um molejo crucial àqueles que não querem ser apenas webPOP's.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Chega de asma



acordo em meio a sonhos estranhos,
não sei se realmente sonhos 
ou tristemente pesadelos
sufocados pelo amargo da cidade.

procuro entre as faces
risos verdadeiros, mas,
só vejo costas distantes.
nada de mãos quentes.

como se fosse a ponta quebrada
de uma engrenagem frenética,
girando, girando, tonto, enjoado.
tudo gira quando paro.

engulo os cheiros,
os sabores me entranham.
pileques , venenos, devaneios,
nada de seios.

esse repugno natural
se explica nas disparidades.
fazer o que é entendível 
nem sempre é o vigente sabor.

o ardor do tal cosmopolitano
é oprimido pela nostalgia 
e destruído por reais sentimentos,
bucólicos, mas com bem menos teatro. 

a resposta grita, silenciosa,
com todas as mascaras no chão,
retornando ao contexto prévio da vida:
efetivamente ser. chega de asma.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Universitário vem de união



Uma coisa engraçada no meio acadêmico é a concorrência entre os próprios colegas. Há sempre aquele que grita 'olhe como sou bom!', ou pior, 'olhe como sou melhor que você!'. E esse sentimento vai permeando em todos os grupos, até os mais confiantes sentem sua capacidade à prova, e tudo isso pra quê?

 Os universitários veem seu curso como a pura e única autoafirmação de seu ego. Quer dizer, os que ainda são de alguma forma universitários, excluindo o tipo 'estou aqui só porque me obrigam'. Esses que ainda levam seu curso a sério inevitavelmente correm o risco ou de oprimirem ou de terem sua autoestima oprimida.

A faculdade é a grande oportunidade da sua vida, sim. Mas, não a de gladiar com aqueles que também serão futuros profissionais em sua área, e sim trazê-los consigo. É a oportunidade de fazer contatos, evoluir idéias, conhecer gente, acreditar no potencial alheio, transcender essa redoma que você chama de 'seu infinito particular'.



Se você realmente acredita no que faz, e que o que faz vai acrescentar de alguma forma no bem da sociedade, saiba que jamais fará isso sozinho. Olhe pro lado, veja aquele colega que só quer somar com tudo isso e bote fé nele. Veja aquele trabalho que ficou melhor que o seu e encare como aprendizado. Promover essa comunhão parece utópico, mas pode ser muito gratificante e real, só depende do seu querer.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O verdadeiro Arquiteto e Urbanista




        Então, você decidiu ser arquiteto. Logo pensa no status de fino, inteligente e bem relacionado não é? É linda uma profissão onde o que realmente importa é a criatividade, a identidade do projeto, a forma; ou seja, se expressar a partir de uma sala climatizada em algum escritório de renome, não acha? NÃO! Não é nada disso.
        Fica clara a realidade atual dessa profissão quando se pesquisa por vagas nos vários segmentos da construção civil e são escassos os resultados para Arquitetos e Urbanistas. Se essa vaga existe, normalmente é pra fazer aquele pseudo-papel de vendedor disso, representante daquilo ou escolhedor daquilo outro. E o Urbanista? Ah, a conotação que ecoa é de: ‘Faça Arquitetura e leve o Urbanismo inteiramente grátis!’.  
        Essa defasagem, claro, tem motivações como: baixa qualidade de ensino, falta de representatividade, desconhecimento por parte do público, falta de comunicação entre profissionais, etc. Mas a fundamentante causa dessa ser uma classe à margem do mercado é o fato dos Arquitetos e Urbanistas não quererem assumir seu papel de construtores.

         Os Arquitetos deveriam estar no topo da pirâmide do setor da construção, entretanto, atualmente são os primeiros profissionais a serem cortados de planos de urbanismo ou grandes empreendimentos. Nosso problema é a falta de vontade de subir no andaime, de sujar a bota de barro, de colocar as mãos na massa. Isso mesmo, vontade, porque em matéria de formação para construção, nossos colegas engenheiros estão tão perdidos quanto nós.
        Disciplinas extremamente teóricas sobre controle tecnológico de materiais, métodos construtivos, cálculos estruturais e afins não autorizam ninguém a se responsabilizar pela materialização do projeto. Mas, como nossos colegas engenheiros civis não podem se dar ao luxo de pensar que a criatividade sobrepõe a técnica,  assim que se formam vão direto para o canteiro passar vergonha frente aos mestres de obras. E os Arquitetos? Permanecem quietinhos e sentadinhos no muro das lamentações.
         Se você está se graduando em Arquitetura e Urbanismo, ou pior ainda, já é formado e ainda não sabe suas reais atribuições, você contribui para essa desmoralização profissional. O CAU, que vamos falar em um próximo post, é uma tentativa de reverter todas essas negatividades, mas, de nada adianta uma Lei 12.378 bem elaborada se não houver uma mudança de postura dos profissionais. 

         Chega de ser um profissional raso, chega de aceitar que tomem nosso papel no mercado de trabalho. Capacitem-se, tecnizem-se, discordem, vão atrás, talvez assim ainda poderemos ser verdadeiros Arquitetos e Urbanistas.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Tudo o que há de mais caro



Após um período não de falta de idéias, nem de vontade, mas de uma certa dispersão, volto a me dedicar a esse projeto tão delicioso. Tenho muito o que postar, muitas coisas fluindo, mas vou recomeçar com algo bem pessoal. Foi uma conversa que tive ontem no 'msn' com meu psicólogo preferido Vítor Luiz, que está fazendo um trabalho acadêmico acerca de baile de idosos, então eu e minha vovó (essa lindíssima da foto acima) demos nossa colaboração:
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"Aos sábados, antes de sair pra minha baladinha em Americano do Brasil, sempre acompanho minha vó na balada dela. Não é que ela não goste de músicas contemporâneas, mas, é no baile de idosos que ela encontra seus compadres e comadres e vão recordar nostalgicamente os tempos de juventude. De como eram esbeltos, leves, atraentes. Chegando lá, sinto que seu primeiro sentimento é de tristeza, por ver todos aqueles senhores meio descontextualisados, numa espécie de 'ritual retrô'. Mas, quando toca aquela música que a fez beber tanto, dançar mais ainda, aquela 'Mariazinha' de 28 anos surge novamente em sua forma mais exuberante.




 Engraçado dizer que azaração é coisa de jovem, quando ainda que envergonhados se entrelaçam olhares carinhosos, carregados de lembranças caras. A minha experiência nesse lugar é enriquecedora, me faz acreditar que na velhice tem sim como se divertir, e também me faz pensar em como serão as minhas 'baladinhas retrô', remexendo ao som da 'Vovó Lady Gaga'. Após alguns goles de uma boa Caracu, sou lembrado que hoje é o capítulo final da novela, e vamos nós dois embora, eu e minha já novamente Vovó Maria."


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Enfim, e qual a grande lição? O que se 'interprojeta' com isso? É muito simples: as coisas que realmente tem valor na vida são aquelas verdadeiras. Em tempos de tragédias e conflitos, o que você acha de valorizar algo que não saia em seu extrato bancário?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Incauto cidadão


     Há alguns dias, andando pela calçada vi um cartaz fixado em um muro, e, com toda a curiosidade parei para ler. Fiquei alguns minutos embaixo de um Sol quase insuportável lendo aquilo, por fim arranquei aquele papel toscamente colado ali, não por discordar e sim para poder disseminar seu conteúdo onde puder.

     Sua autoria é assumida por um grupo intitulado de cabeça para baixo no rodapé como 'OZ INDUSTRIES', dizendo assim:
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BOM DIA INCAUTO CIDADÃO
É TEMPO DE ESCOLHER NOVOS ALGOZES
SORRISOS ESTETICAMENTE PLANEJADOS
NOVOS CABELOS E CABELOS DE MENOS
SÃO TODOS IGUAIS
TODOS VÃO TE TRAIR
UNS VOCÊ VAI ATÉ GOSTAR
PASSARÃO MEL NA SUA BOCA
PEGARÃO NA SUA MÃO COM NOJO CONTIDO
VÃO TE DIZER EXATAMENTE O QUE VOCÊ QUER OUVIR
POIS VOCÊ, MEU AMIGO,
FOI ESQUEMATIZADO, PESQUISADO E TREINADO
COLOCADO NUM GRÁFICO, VOCÊ VIROU ESTATÍSTICA
SUA PREOCUPAÇÃO É COM O BIG BROTHER,
AS IVETES, JOELMAS E OUTRAS LACRAIAS
ELES SABEM O QUE VOCÊ PENSA QUERER
ELES TE DARÃO A SUA RAÇÃO
TE CONFINARÃO EM ÔNIBUS, ESCRITÓRIOS
PROSTÍBULOS, MINAS E SUPERMERCADOS
CHEIOS DE COISAS QUE VOCÊ PENSA PRECISAR
ELES TE DARÃO O QUE ACHAM QUE VOCÊ MERECE
DÊ A ELES O QUE MERECEM
VOTE ZERO ZERO E CONFIRME.


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Não apoio o sensacionalismo, nem essa idéia de que todos os problemas sociais estão onerados ao governo. Mas ler, refletir e pensar em quem votar nunca é demais.